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Universal Dependencies - Portuguese - PetroGold

LanguagePortuguese
ProjectPetroGold
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Annotationde Souza, Elvis; Freitas, Cláudia; Silveira, Aline; Cavalcanti, Tatiana; Castro, Maria Clara; Evelyn, Wograine

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s-1 1. - INTRODUÇÃO
s-2 A Bacia do Araripe é uma bacia interior poli-histórica do Nordeste do Brasil (Figura 1).
s-3 O arcabouço estratigráfico desta bacia é constituído por diferentes sequências estratigráficas, que registram o preenchimento de bacias geradas em ambientes tectônicos distintos, tratando-se de uma bacia com evolução poligenética (Assine 1992).
s-4 O registro mesozoico do arcabouço estratigráfico da Bacia do Araripe mantém relação com os eventos tectônicos eocretáceos relacionados à fragmentação do Gondwana e abertura do Atlântico sul, no Jurássico superior / Cretáceo inferior (Brito Neves 1990).
s-5 O conjunto mesozoico expõe o registro do Aptiano, caracterizado por sedimentação predominantemente continental, com incursões marinhas que ocorreram durante o final da fase rifte (Dias 2005).
s-6 Tal andar consiste num intervalo estratigráfico que compreende um ciclo transgressivo-regressivo assimétrico, especificado como sequência pós-rifte I por Assine (2007).
s-7 A unidade referente ao Andar Alagoas nesta bacia corresponde à Formação Santana, que contém os membros Barbalha, Crato, Ipubi e Romualdo.
s-8 O Membro Romualdo consiste no último registro litoestratigráfico da sequência pós-rifte I e marca as incursões marinhas na Bacia do Araripe (Assine 2007).
s-9 Dentre as hipóteses até então postuladas acerca do ambiente de sedimentação para este membro, divergentes opiniões e dúvidas com relação à sua litoestratigrafia.
s-10 Isto se deve ao fato de que, dentre os principais estudos até então realizados, destaque para os aspectos paleontológicos em virtude das amplas ocorrências de fósseis do Membro Romualdo.
s-11 Em decorrência disto , uma carência de estudos sedimentológicos e estratigráficos para esta unidade.
s-12 2. - OBJETIVOS
s-13 Este Trabalho de Conclusão de Curso TCC objetiva contribuir para o entendimento acerca dos processos sedimentares geradores das fácies siliciclásticas, contemporâneos à deposição do Membro Romualdo, visando aprimorar o conhecimento e interpretação da estratigrafia sequencial da unidade, enfocando as superfícies limítrofes, sequências deposicionais e os tratos de sistemas que a compõem.
s-14 3. - LOCALIZAÇÃO
s-15 O estudo foi realizado no setor leste da Bacia do Araripe (Figura 2), Nordeste do Brasil, no estado do Ceará.
s-16 A área engloba os municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Nova Olinda, Santana do Cariri e Jardim.
s-17 Três seções colunares foram levantadas na área de estudo, denominadas Pedra Branca, Sítio Romualdo e Sobradinho.
s-18 As seções localizam-se nas proximidades das cidades sede dos referidos municípios.
s-19 A seção Pedra Branca está localizada na Mina Pedra Branca (Mineração Chaves S.A.), a sudoeste da cidade de Nova Olinda (CE) (Figura 3), o acesso à seção ocorre pela estrada Farias Brito, a sudoeste de Nova Olinda.
s-20 A seção Sítio Romualdo localiza-se a sudeste da cidade de Crato (CE), sendo que o acesso se pela rodovia estadual CE-386, entre Crato e Barbalha, na localidade Sítio Romualdo (Figura 4).
s-21 Figura 3.
s-22 Localização da seção Pedra Branca.
s-23 Coordenadas X: 420.598, Y: 9.211.802, Z: 572 m Figura 4.
s-24 Localização da seção Sítio Romualdo.
s-25 A seção Sobradinho situa-se a leste da cidade de Jardim (CE) e o seu acesso se pela rodovia estadual CE-390, com sentido para a rodovia Padre Cícero - CE-153 (Figura 5).
s-26 A seção foi levantada ao longo de drenagem nas proximidades da encosta da Chapada do Araripe.
s-27 Figura 5.
s-28 Localização da seção Sobradinho.
s-29 Coordenadas X: 481.867, Y: 9.163.174
s-30 4. - MÉTODOS E MEIOS
s-31 São aplicados neste trabalho técnicas e métodos de descrição de fácies e análise da estratigrafia de sequências.
s-32 Para isto foram realizadas a análise estratigráfica, descrições de fácies sedimentares e levantamento de seções-colunares verticais.
s-33 4.1. Pesquisa Bibliográfica
s-34 As primeiras atividades desta pesquisa consistiram na revisão bibliográfica detalhada de todos os trabalhos científicos disponíveis acerca da caracterização estratigráfica, paleontológica e paleoambiental do Membro Romualdo e da Bacia do Araripe.
s-35 As citações e referências adotadas seguem as normas de referências da Brazilian Journal of Geology.
s-36 4.2. Trabalhos de Campo
s-37 Esta etapa consistiu no tratamento e análise de dados de superfície da Bacia do Araripe e a delimitação das áreas a serem investigadas.
s-38 Uma campanha de trabalho de campo de 10 dias foi realizada no período de 04 a 13 de julho de 2013, visando estudar e levantar dados de afloramentos.
s-39 As seguintes atividades foram desenvolvidas no trabalho de campo: análise de fácies sedimentares, levantamento de paleocorrentes e de seções-colunares.
s-40 4.2.1.
s-41 Análise de fácies sedimentares
s-42 A análise de fácies é um método fundamental de caracterização de rocha com atributos litológicos, físicos e biológicos singulares e distintos das demais.
s-43 Este método é comumente aplicado para descrever rochas sedimentares ou sedimentos observados em afloramentos e testemunhos de sondagem (Catuneanu 2006).
s-44 Uma fácies sedimentar é um conjunto de rochas geneticamente relacionadas, sendo caracterizada e distinguida das demais pela litologia, granulometria, arredondamento dos grãos, grau de seleção, estruturas sedimentares, geometria dos estratos, fósseis e cor e, corresponde ao registro geológico dos processos sedimentares (Walker 1992).
s-45 No âmbito da estratigrafia de sequências, o estudo de fácies sedimentares é particularmente relevante para o entendimento das variações dos processos sedimentares ao longo do tempo, sobretudo em resposta às flutuações cíclicas do nível de base dos ambientes de sedimentação (Catuneanu 2006).
s-46 Em virtude disto , a análise faciológica é uma ferramenta indispensável para a caracterização e interpretação dos processos sedimentares da unidade estudada, fornecendo informações fundamentais para a reconstrução estratigráfica.
s-47 Para a caracterização litológica das fácies sedimentares foi utilizada a classificação proposta por Miall (1978), que corresponde ao Código de Identificação de Fácies.
s-48 A denominação adotada neste código utiliza letras e inclui duas partes: a primeira letra é escrita em maiúsculo e corresponde à litologia e, uma ou mais letras secundárias são escritas em minúsculo e referem-se às estrutura e textura das fácies.
s-49 A classificação dos tamanhos das estratificações cruzadas foi adotada segundo o esquema de classificação proposto pela SEPM (Society for Sedimentary Geology) - Bedforms and Bedding Structures Research Simposium (modificado de Ashley 1990).
s-50 Entretanto, novas fácies foram adicionadas às referidas classificações, diferentes das estabelecidas por Miall (1978).
s-51 A classificação adotada para as demais fácies seguiu o critério adotado pela Universidade Petrobras para convenções de descrições sedimentológicas: GIP= gipsita e CQ= coquina, que admite para as três primeiras letras correspondência com a litologia.
s-52 As medidas de paleocorrentes foram adquiridas durante os trabalhos de campo por constituírem elemento importante na análise de fácies e na evolução paleogeográfica de bacias.
s-53 Este é um método eficaz e frequentemente utilizado, pois fornece dados do rumo do suprimento sedimentar e da tendência deposicional das unidades litológicas.
s-54 Os levantamentos de paleocorrentes foram realizados, sobretudo em estratos cruzados, por constituirem as principais estruturas sedimentares indicativas de fluxo.
s-55 Os dados obtidos foram inseridos no software RockWorks® e analisados estatisticamente, sendo apresentados em seções-colunares sob a forma de rosetas de frequência, nas quais são indicados o número de medidas (n), a média vetorial (x) e o fator de consistência (f.c), que reflete a dispersão das medidas.
s-56 A dispersão das medidas reflete não somente a confiabilidade do vetor resultante, como também a dispersão original inerente ao sistema deposicional.
s-57 Os dados de cada estação (ponto de medidas) foram representados graficamente em classes de trinta graus (30º) a partir do rumo norte, sendo a soma desses dados convertida em porcentagem e inserida em histogramas circulares de frequência (rosetas), que expressam a dispersão dos valores.
s-58 A documentação fotográfica foi obtida concomitante ao levantamento das seções colunares.
s-59 A foto documentação abrangeu o registro das fácies sedimentares em diferentes níveis de detalhe.
s-60 Além disso , painéis fotográficos foram montados de modo a obter imagens mais abrangentes, ilustrando relações laterais e verticais.
s-61 4.2.2.
s-62 Levantamento de Seções Estratigráficas
s-63 Verticais
s-64 Três seções colunares foram levantadas na escala de detalhe 1:100.
s-65 Os pontos selecionados neste estudo foram definidos com base em quatro principais critérios: exposição da unidade de estudo, estado de conservação, abrangência em área e acessibilidade.
s-66 O controle espacial e dimensional das seções colunares foi feito com auxílio do GPS (Global Position System).
s-67 4.3. Trabalhos de Laboratório
s-68 Os trabalhos laboratoriais foram desenvolvidos no Laboratório de Estudos Estratigráficos do UNESPetro (Centro de Geociências Aplicadas ao Petróleo) da UNESP, Câmpus Rio Claro.
s-69 Estes trabalhos consistiram no tratamento dos dados obtidos na fase de aquisição (trabalho de campo).
s-70 As seções colunares levantadas em campo foram escaneadas e inseridas no programa CorelDRAW® versão 16, software utilizado como auxílio na editoração e desenho de imagens.
s-71 O processamento dos dados consistiu na representação digital bidimensional da sucessão vertical de fácies.
s-72 As colunas digitalizadas seguiram um layout com padrão pré-definido e foram construídas conforme os elementos gráficos do programa.
s-73 Após isso, os valores médios e o número de medidas do diagrama obtido são selecionados e inseridos junto à roseta.
s-74 4.4. Análise e conceitos da estratigrafia de sequência
s-75 Os dados e informações obtidos no decorrer do estudo foram integrados e interpretados visando à construção e entendimento da sequência deposicional, contida na supersequência pós-rifte I, por meio da análise da estratigrafia de sequências.
s-76 Sequência deposicional é definida como uma unidade estratigráfica composta por uma sucessão relativamente concordante de estratos geneticamente relacionados, limitada no topo e na base por discordâncias e conformidades correlatas, segundo Mitchum Jr. et al. (1977).
s-77 Quando completa, uma sequência deposicional constitui um ciclo transgressivo-regressivo, materializado por uma cunha de fácies em cujo ápice uma superfície de inundação (ou transgressão marinha) máxima (SIM) da linha de costa em direção ao continente (Van Wagoner et al. 1987).
s-78 Os limites de sequência deposicional são dados por: 1) discordância na borda da bacia, com evidências de erosão e truncamento de estratos; 2) conformidade correlata no interior da bacia, sem evidência de hiato deposicional; 3) hiato não-deposicional no centro da bacia, que pode ocorrer tanto entre estratos levemente inclinados das clinoformas e a superfície deposicional (downlap), quanto entre estratos concordantes nas porções mais distais (paraconformidade) (Assine & Perinotto 2001).
s-79 As superfícies estratigráficas marcam mudanças significativas nos regimes de sedimentação e são importantes para a correlação regional, bem como para a compreensão da evolução deposicional do intervalo de interesse.
s-80 O estudo destes intervalos estratigráficos não pode, contudo, ser isolado da análise das fácies, que esta análise, muitas vezes, fornece os critérios diagnósticos para o reconhecimento daquelas superfícies limitantes (Catuneanu 2006).
s-81 Uma sequência deposicional constitui um ciclo transgressivo-regressivo de ordem, composto de diversos tratos de sistemas deposicionais.
s-82 Um trato de sistemas deposicionais foi definido inicialmente como um conjunto natural de sistemas deposicionais contemporâneos e interligados, segundo Brown & Fisher (1977).
s-83 O trato de sistemas transgressivo tem como limite inferior, superfícies de ravinamento por onda, que constituem superfícies transgressivas.
s-84 Superfícies de ravinamento são superfícies de erosão marinha, formadas pela ação de ondas durante transgressões (Van Wagoner et al. 1987).
s-85 No processo de ravinamento ocorre joeiramento dos sedimentos do fundo devido a ação das ondas, especialmente as de tempestade.
s-86 A fração grossa dos sedimentos retrabalhados é redepositada sobre a superfície de ravinamento, permanecendo como depósitos residuais transgressivos (transgressive lags).
s-87 O trato de sistemas transgressivo é um intervalo de grandes mudanças faunísticas e de eventos de extinção.
s-88 Seu limite superior é definido pela superfície de inundação máxima (Van Wagoner et al. 1987).
s-89 Os conceitos estratigráficos apresentados auxiliaram na interpretação dos dados obtidos e permitiram analisar mais detalhadamente o padrão de empilhamento, as superfícies chave e os tratos de sistemas que compõem a sequência deposicional do presente estudo.
s-90 5. - GEOLOGIA REGIONAL
s-91 5.1. Bacia do Araripe
s-92 A Bacia do Araripe é uma bacia interior, poligenética, de forma alongada, com o maior eixo na direção E-W, compreendendo uma área aproximada de 9.000 km² (Assine 1992), sendo uma das maiores bacias do interior do Nordeste.
s-93 Durante o Jurássico Superior (Upper Jurassic) e o Cretaceo Inferior (Lower Cretaceous) iniciou-se a formação das bacias interiores do Nordeste brasileiro, como resultado da separação da América do Sul e África (Matos 1992).
s-94 A Bacia do Araripe é a mais extensa das bacias interiores do Nordeste e a que apresenta, dentre todas, história geológica mais complexa e empilhamento estratigráfico mais completo (Assine 2007), estando implantada em terrenos pré-cambrianos da Zona Transversal da Província Borborema (Brito Neves et al. 2000), a sul do Lineamento de Patos.
s-95 Segundo Matos (1992), a Zona de Cisalhamento ou Lineamento de Patos teria sua extremidade oeste terminada em uma série de falhas curvadas formando uma geometria sigmoide, e que durante o Cretáceo Inferior, uma distensão geral de direção NW-SE inverteu as falhas originalmente transpressionais para falhas normais, o que reativou pequenos segmentos da anterior zona de cisalhamento, dando como origem as bacias interiores do Nordeste brasileiro.
s-96 Na história evolutiva das bacias interiores do Nordeste brasileiro, foram identificados três principais estágios de subsidência: o primeiro deles , estágio pré-rifte, caracteriza-se por subsidência regional; o segundo, estágio rifte, relacionado a fragmentação; e, finalmente, o estágio pós-rifte que representou o retorno das condições de suave subsidência regional (Matos 1992).
s-97 A concepção estratigráfica atual da bacia foi delineada na década de 1980 e consolidada nos trabalhos de Ponte & Appi (1990), Assine (1990) e Arai (2006). A concepção estratigráfica utilizada na presente monografia está embasada nas asserções feitas nas referidas obras, diferindo apenas na terminologia estratigráfica.
s-98 Segundo Assine (2007), o arcabouço estratigráfico da Bacia do Araripe constitui-se pela supersequência pré-rifte, supersequência rifte e supersequência pós-rifte, sendo a última, subdividida em sequências pós-rifte
s-99 Tais sequências estratigráficas são limitadas por discordâncias regionais, que representam o registro fragmentário de embaciamentos gerados em ambientes tectônicos distintos (Assine 2007).
s-100 Cada sequência foi formada num contexto paleogeográfico diferente, integrado a outras bacias adjacentes.

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